DAIANE FAGHERAZZI

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Farroupilha, Rio Grande do Sul, Brazil
Formada em Letras/Português (PUCRS - 1998/2002) com Pós-Graduação no Ensino de Língua Portuguesa (PUCRS - 2003/2004) e Mestrado em Linguística Aplicada (PUCRS - 2006/2007).

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CRÔNICA - A maleta do Euber, meu irmão, Vale a pena ler este texto!



A maleta de office-boy
Sou de couro marrom. Sirvo para guardar papéis. Sou a maleta de um office-boy, um tal de Euber, um de cabelo comprido, por volta de treze anos. Todos os dias depositam “aquela papelada” em mim.
Quando o office-boy chega na firma onde trabalha (e onde eu moro), termina meu sossego. Ainda dá para ficar descansando um pouco, enquanto ele faz serviços internos e espera seu pai preparar os cheques, depósitos e contas a pagar para depois botar tudo dentro de mim. E lá vou eu, faça chuva ou faça sol, nas mãos daquele cabeludo.
Ele me carrega todos os dias com aquele tênis Regazone (é radical!!!) preto, calça de brim ou abrigo. Tenho de aguentar cada tranco...! Enquanto ele caminha vai dando joelhadas em mim, fica me rodopiando e eu fico tonta! A vantagem é que eu fico observando a paisagem, vejo pessoas novas (algumas lindas de morrer!). Bem, chegamos. Qual o banco? Bom, depende em qual banco meu portador tem de pagar conta. Mas hoje vamos no Ban...Ban...Banr...Droga, esqueci! Espere, me lembre! Bar..Banris..Banrisul! Como pude me esquecer! Agora, vamos subir os degraus..opa! Opa!
Finalmente entramos! Depois me vejo frente a frente com um guarda de óculos, vigiando o banco. Parece um chimpanzé traumatizado!
Agora ao objetivo: os caixas. Bom, que eu saiba, existem dois tipos de atendimento dos caixas: o de pessoa física e o de pessoa jurídica. Ele sempre vai no da pessoa jurídica. Acho que é de pagamento de contas das empresas. É no andar de cima. Mais degraus para subir. Bom, então vamos. Toc, toc, toc, toc, toc, tum, tum, toc, toc, toc, lá está, a fila do banco. Vazia! Ooooooba! É só pagar as contas e pronto! É só esperar uns vinte segundinhos, até acender a lâmpada de um caixa. E lá vai ele, me botando em cima do encosto, me abrindo e retirando de mim umas contas e cheques. Depois me fecha. E o caixa com aquele dedos teclando, teclando finalmente autentica as contas e faz depósito. Desço as escadas de novo e saio do banco.
Próximo banco: Meridio...Ai! Tem cada descuidado trombando nos outros por aí. Como eu ia dizendo, próximo banco: Meridional. Mais uns degraus e já entrei com meu fiel portador. Tem de passar por uma porta giratória, dizem que é detector de metais, para aumentar a segurança e evitar assaltos.
- Aiii!
- Ué, de quem foi esse grito? Meu portador! O que aconteceu contigo?
- Ah, já sei! Foi essa porta maldita! Também, essa porta só tranca quando as pessoas passam!
Essas portas são umas...Me desculpem, mas esta é a mais pura verdade. E ainda meu portador bateu bem de nariz na porta!
Continuando, mais escada para subir e...que sorte! Só uma pessoa na fila! Minha namorada!
O que meu portador está fazendo? Sentou na poltrona?!? Vamos, vá na fila, que minha maletinha querida está ali! Vamos, vamos!...Não adianta! Ele não vai...Já sei, tem um jeito, mas preciso esperar um pouco. Espere, nem precisa. Uma pessoa e mais outra estão subindo. Então meu portador vai ter de ir na fila para não perder o lugar! Yes! Vou ver minha namorada! Uh, tererê, uh, tererê...anda logo, cacete! Ai, agora vou ver minha namorada: - Querida...
- Querido!!!
- Até que enfim, juntinhos nesta fila do banco! Fazia tanto tempo que não a via. Onde esteve?
- Ah, minha alça quebrou e tive de ser substituída por uma sirigaita. Mas agora estou de volta!
- Que bom! Mas agora não temos tempo. E olhe! Sua portadora está se dirigindo ao caixa seguinte. Tchau, querida!
- Tchau, amor!
Bem, amigo leitor: Meu portador está indo para o caixa disponível. E lá vai ele, me botando de novo em cima do encosto, me abrindo e retirando mais papelada. Soma os cheques, as contas, uma autenticação aqui, outra autenticação ali, termina tudo e ele põe a papelada em mim de novo, desta vez, menos da metade (o que sobram são só os recibos). Desce a escada, passa por aquela “santa” porta giratória e sai do banco. Próxima parada: Cartório. Pagamento de títulos atrasados. Entrando no cartório, objetivo: o caixa, é lógico! Duas pessoas na fila. O jeito é esperar...
Terminou! Agora é nossa vez! E quando meu portador chega no caixa, este fala:
- E aí, cara?
E o meu portador diz:
- E aí?
E foi o que eles falaram. E lá vai ele, outra vez, me botando no encosto, enfim. Você, que está lendo, já sabe. Espera um pouquinho. E já saímos do cartório. Terminado o serviço, agora é só voltar para a firma e descansar. Não demorou muito para voltar. Chegou no escritório, me botou na mesa, retirou os recibos de mim e entregou a um cara chamado Evandro. Depois me colocou num cantinho sombrio e agora é só dormir. Até o próximo banco!
EUBER FAGHERAZZI

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